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14/12/2013 21:23

DESVENDANDO A MENTE DO CONSUMIDOR

 

O sonho de todo profissional da área de marketing é descobrir tudo que se passa na cabeça do consumidor: suas necessidades, preferências, opiniões... Só que isso pode ser impossível até para o próprio consumidor. Isso mesmo! Uma vez que 95% de todos os nossos pensamentos e emoções ocorrem no inconsciente, às vezes nem nós sabemos conscientemente a razão pela qual escolhemos algum produto. Isso levou o professor Gerald Zaltman a criar seu próprio método de pesquisa em marketing, o ZMET (Zaltman Metaphor Elicitation Technique), técnica focada nas metáforas e nas formas não-verbais de comunicação.

Professor da Harvard Business School, sócio da firma de consultoria Olson Zaltman Associates e autor de 14 livros, Zaltman é hoje considerado um dos maiores especialistas no comportamento do consumidor e uma das cinco personalidades mais relevantes do marketing.

Em entrevista à Administradores, Zaltman comenta a relação atual entre os consumidores e os profissionais de marketing e explica como as metáforas profundas estão presentes no mercado.

Quando o assunto é marketing, quem manda mais: o consumidor ou os profissionais de marketing?

Na minha opinião, é um erro achar que um está contra o outro. Por exemplo, o que os consumidores pensam e como eles se comportam vai influenciar nas atitudes dos profissionais de marketing. E, ao mesmo tempo, aquilo que os profissionais dizem e fazem também influencia os consumidores. Então, eu tento olhar para a ideia de um mercado, no caso o marketing, como um resultado conjunto da interação dos profissionais e consumidores. Eles podem até interagir de forma direta ou indireta, mas, independentemente disso, eles têm de estar sempre relacionados um com o outro.

Mas sempre foi assim?

Sempre foi assim. Eu acho que, na verdade, até hoje em dia, os profissionais de marketing pensam nos consumidores como uma audiência passiva, então, eles tentam manipulá-los ou tentam introduzir ideias neles. Já os consumidores, eu tenho a impressão de que eles pensam que os profissionais não refletem muito sobre eles, sobre o que eles querem e precisam.

E por que você acha que isso acontece?

Existe uma tendência do ser humano de apenas prestar atenção ao que acontece do seu próprio lado, sem tentar interpretar a outra parte que influencia. Então, os profissionais de marketing dão uma atenção desproporcional ao que eles acham que conhecem sobre o mercado e a mente do consumidor e não dão atenção suficiente ao que os consumidores realmente pensam de seus produtos.

E com a web. Na medida em que mais pessoas se conectam à internet todos os dias, não há dúvida que o mundo está mudando. Como você analisa o comportamento do consumidor nessa era digital?

Eu estava lendo um artigo interessante da universidade de Chicago que debatia o quão profundo é o impacto da internet, é há pessoas que pensam que o impacto é exagerado, mas, mesmo assim, é de conhecimento geral que a internet é muito importante. Nela as pessoas podem comprar mais facilmente, podem ter mais escolhas, se estiverem dispostas a investir mais tempo na busca, e, obviamente, elas acabam tendo a oportunidade de trocar informações com outros usuários e sobre avaliação de produtos.

Em relação ao conceito das metáforas profundas que você traz no livro "Metaphoria Marketing", poderia nos explicar exatamente como a metáfora é trabalhada na mente dos consumidores?

É evidente que pensamos naturalmente através das metáforas. Inclusive, alguns filósofos defendem em um livro recente que você só está ciente de algo de uma maneira real se você conseguir explicá-lo usando uma metáfora. Então, o jeito que a nossa mente é estruturada para trabalhar é fazendo utilização de metáforas e analogias de forma mais ampla. Portanto, é muito importante usar metáforas como um meio para tentar entender o que as pessoas estão realmente pensando e por que elas têm certas atitudes.

Como aplicar essas metáforas nas estratégias de marketing?

Quando falamos das metáforas no marketing, podemos dizer que todas as publicidades são uma metáfora, uma representação do produto, esteja ele simulado ou não. Além disso, as metáforas são usadas para construir ideias sobre um serviço ou produto, e essas metáforas às vezes são tão óbvias que nós não as percebemos, não temos consciência delas, mas elas estão presentes. E quando nós não as percebemos, é aí que elas se tornam mais poderosas. Um produto ou um serviço é uma metáfora para representar de uma forma diferente aquilo que os consumidores precisam, pois são metáforas para o que os consumidores procuram para resolver seus problemas.

Então, nós podemos dizer que a publicidade, a cor, o formato e todos os elementos que um produto contém são metáforas?

Sim. Elas são representações que contêm significados além da cor literal. Nós podemos dizer que existem diversos significados presentes no design de um produto, no seu formato, embalagem...

Você conseguiu desenvolver uma boa base de seu estudo através do Zaltman Metaphor Elicitation Technique, ou ZMET. Como esse método funciona?

Como a mente trabalha através de metáforas, nós pedimos para as pessoas encontrarem fotos, objetos, e até mesmo sons que representam seus pensamentos e sentimentos sobre uma marca, produto ou serviço... Uma instituição bancária, por exemplo. Então pedimos que elas façam isso três ou quatro dias antes da entrevista, para que suas mentes tenham a oportunidade de processar inconscientemente as ideias na imagem e, com isso, trazer à tona seus pensamentos e sentimentos acerca da instituição bancária em questão. Após isso, é feita uma entrevista individual de duas horas de duração que usa uma variedade de técnicas de projeção para descobrir sentimentos que estariam sendo “escondidos” pelos entrevistados, pois, inconscientemente eles sabem que existem essas ideias sobre a instituição, mas conscientemente não percebem que sabem.

E como funciona com as marcas bem conhecidas? Coca-Cola, McDonald’s e Apple, por exemplo, têm mais eficiência na percepção e na memória inconsciente do consumidor?

O que quer que as pessoas achem que sabem sobre essas marcas é só a ponta do iceberg. Elas sabem muito mais e têm muito mais pensamentos e sentimentos sobre esses produtos do que elas têm consciência. Então, simplesmente perguntar diretamente para uma pessoa o que ela acha sobre uma bebida ou restaurante não irá dar muita informação em relação ao que realmente se passa em sua cabeça.

Para encerrarmos, qual dica você daria para os brasileiros que querem usar estratégias de marketing mais eficientes em seus negócios?

Bom, eu acho que o conselho em geral seria fazer mais uso dos desenvolvimentos recentes ocorridos na ciência do comportamento. Nos últimos dez ou 20 anos, diversas áreas vêm desenvolvendo uma quantidade enorme de estudos sobre o comportamento humano, como, por exemplo, a neurociência, psicologia, sociologia e a antropologia também. Eu não sei no Brasil, mas nos países que eu tenho maior familiaridade, a maioria das práticas de marketing é baseada na ciência do comportamento humano dos anos 1960 e 1970. Algumas delas estão certas, outras erradas, mas a certeza é que elas são incompletas. Eu acho que as estratégias de marketing, como eu venho chamando, a nova ciência do marketing, e suas práticas, devem ser baseadas no conhecimento atual sobre o comportamento humano.

Deborah Rosa, Revista Administradores, 13 de dezembro de 2013

 

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12/12/2013 18:04

A SOCIEDADE DA REPUTAÇÃO

 

O Google, senhor da internet, sabe muito de tudo e de todos. Então, eu também posso saber. Do meu vizinho, do restaurante do outro lado do mundo, do médico, do gestor público. É uma época nova, de enorme transparência. Sair da linha, oferecer um produto ou serviço ruim ou prometer e não cumprir – não é mesmo, prezado candidato -, pode prejudicar a imagem, abalar o prestígio.

Na verdade, pode ser fulminante. E nada é mais importante que a reputação. A Arthur Andersen, uma das mais importantes auditorias do mundo, fechou suas portas com um bilhão de dólares em caixa. Ela quebrou porque não tinha mais como oferecer para seus clientes, a essência do seu trabalho: respeito e credibilidade. A empresa jogou fora sua reputação, seu prestígio, a alma do seu negócio.

Isso aconteceu nos Estados Unidos há alguns anos mas vale lembrar que o fluxo financeiro ilícito, incluindo corrupção, suborno, roubo e evasão de divisas em países em desenvolvimento é estimado em US$ 1,2 trilhão por ano, equivalente às economias da Suíça, África do Sul e Bélgica juntas, conforme o Banco Mundial.

A rapidez de avaliação desse mundo virtual de bilhões de pessoas devasta governos, políticos e ditaduras. Com muita informação e conhecimento, ele é implacável.

O Brasil começa a conhecer essa força mas mesmo assim não combate como deveria o tráfico de influência, abuso de poder, comissões ocultas, transações secretas. A corrupção no setor público brasileiro é percebida como sendo maior do que em países como Lesoto, Botswana ou Brunei, mas menor do que em grandes parceiros emergentes como China, Índia e Rússia.

O maior patrimônio de alguém, uma empresa, uma cidade ou um País continua sendo a sua reputação. Ser confiável, respeitar regras e contratos, ter uma boa reputação e ter bons amigos conta muito. No livro Reputation Economics, de Joshua Klein, o autor destaca que “quem você conhece” vale mais, hoje, do que “o que você possui”.

Com o senhor Google, o tribunal é gigantesco, com milhões de jurados. O julgamento é imediato e avassalador. Todos sabem quem é o réu, que pode ser um político, um hotel, uma companhia aérea ou uma prefeitura. Todos julgam se o prefeito que utilizou crack deve ser condenado ao ostracismo.

A não ser que você seja um Henry David Thoreau, de Walden, que quer viver no mato, não dá para se esconder. Todos seguem nossos rastros, vigiam e julgam. E a velha reputação, felizmente, vale mais do que nunca. É o nosso maior patrimônio.

Inácio Knapp/Ideias & Números em 12, DEZ. 2013

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12/12/2013 17:48

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

 

O Brasil está avançando na educação, mas os países desenvolvidos e muitos países em desenvolvimento estão avançando ainda mais. Esta é uma das conclusões do relatório de 2012 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), mantido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Realizado a cada três anos, o estudo foi elaborado com base nos rankings de três provas – matemática, ciência e leitura – aplicadas a estudantes de 15 anos de 65 países ou regiões econômicas delimitadas (como é o caso da província chinesa de Xangai).

Ao todo, submeteram-se às provas do Pisa de 2012 510 mil estudantes, dos quais 19.877 eram alunos brasileiros de 837 escolas. A amostra representa os aproximadamente 28 milhões de alunos dessa faixa etária nos países avaliados. O objetivo da avaliação é aferir o quanto os alunos aprenderam em sala de aula e se conseguem aplicar o conhecimento adquirido na solução de problemas reais em seu dia a dia.

Com 391 pontos, os estudantes brasileiros ficaram em 58.º lugar na prova de matemática, numa posição próxima à dos estudantes da Albânia, Jordânia e Tunísia. Em 2003, a média foi de 356 pontos. O ranking dessa disciplina em 2012 foi liderado pelos estudantes de Xangai e Cingapura, que obtiveram 613 e 573 pontos, respectivamente. A média dos estudantes dos países da OCDE foi de 494 pontos. Entre os países da América Latina, o Brasil ficou abaixo do Chile, México, Uruguai e Costa Rica e acima do Peru e da Colômbia.

Na prova de leitura, os estudantes brasileiros obtiveram 410 pontos – menos do que na edição anterior do Pisa. E, na prova de ciências, permaneceram estagnados, com 405 pontos. Essas pontuações são consideradas baixas pelos pedagogos. Os estudantes na faixa dos 400 pontos têm graves problemas de proficiência. Não dominam a leitura e a escrita. Não aprenderam o mínimo previsto de matemática, tendo dificuldade de fazer cálculos. E têm conhecimentos rudimentares em ciência. Já as notas entre 550 e 600 pontos sinalizam que os estudantes têm formação refinada, dominando habilidades fundamentais para lidar com as tarefas da vida cotidiana.

Os números do Pisa de 2012 mostram que, apesar de o acesso à escola ter melhorado em todos os níveis, nas últimas décadas, a qualidade do ensino evoluiu pouco. Professores do ensino fundamental, por exemplo, não conseguem transmitir informações mínimas para justificar a diplomação de seus alunos. O tempo das aulas também é insuficiente, apesar de a Lei de Diretrizes e Bases da Educação recomendar jornada de tempo integral. Desestimulados, desvalorizados e com salários aviltados, muitos docentes da rede pública acomodaram-se no corporativismo sindical.

Incapazes de suprir a escassez de professores de matemática, física, química e biologia e de valorizar o magistério público, na última década as autoridades educacionais agitaram bandeiras mais vistosas do que eficazes. De modo contraditório, deixaram o ensino médio à própria sorte e alargaram as portas de acesso ao ensino superior. Em vez de cuidar da formação básica, perderam tempo com políticas de cotas raciais e desperdiçaram recursos escassos instalando universidades onde não havia demanda. Criaram um ambicioso programa de bolsas de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado no exterior sem, antes, oferecer cursos eficientes de língua estrangeira. E, em nome de uma fantasiosa “democracia escolar”, acenaram com a obrigatoriedade de eleições diretas e gestões colegiadas, inclusive na rede privada.

O Pisa também avalia aspectos como a satisfação dos alunos com a escola e como eles se sentem no ambiente escolar. Um dos indicadores é o que analisa o quanto o aluno se sente incluído na escola. No Pisa de 2003, 8% dos estudantes brasileiros disseram que se sentiam sozinhos. No Pisa de 2012, o índice chegou a 19%. Isso mostra, além de uma sensação de abandono, a consciência que parte significativa de nossos adolescentes tem da inépcia dos responsáveis pela política educacional do País.

Editorial do jornal O Estado de São Paulo/Opinião em 12, DEZ. 2013

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05/12/2013 16:59

PERDEMOS FEIO PARA A COREIA

 

Como exemplo de que estamos indo mal na competição por uma boa educação, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), na Associação Comercial do Rio de Janeiro, lembrou que, 40 anos atrás, tínhamos o mesmo número de patentes da Coreia do Sul. Hoje, a nação asiática produz 12 vezes mais patentes do que o Brasil –sinal de que o seu modelo de desenvolvimento, lastreado numa educação de qualidade, segue uma trajetória correta.

Em nosso caso, há uma preocupação dominante com o ensino superior, ao qual chegam cerca de dez de cada cem alunos que entram a cada ano no fundamental (de acordo com o IBGE). É muito pouco e com um nível altamente discutível.

As perdas ocorrem pelo caminho, com coisas incríveis como os percalços do nosso tumultuado ensino médio, concluído por 40% dos que nele ingressam. Trata-se de uma vergonhosa evasão.

Aliás, fatos estranhos acontecem nessa faixa etária, que é estrategicamente de fundamental importância. Veja-se o último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio): uma ausência de mais de 2 milhões de inscritos nas provas realizadas, causando um prejuízo de R$ 60 milhões aos cofres do Ministério da Educação.

Até agora, ninguém deu uma explicação plausível para esse fenômeno. Terão os jovens perdido a esperança em nosso modelo educacional? Ou a antevisão de uma prometida prova mais difícil fez os alunos desistirem?

Tudo hoje se baseia no conhecimento. Temos, no país, mais de 260 milhões de telefones celulares, alguns deles criados lá fora, mas montados aqui. Se somos a sexta economia do mundo, já não seria hora de melhorar de posição em relação aos exames internacionais, como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos)? A prova de que as coisas não andam bem é o fato de ocuparmos a 53ª posição, perdendo para países de menor tradição cultural. A matemática é um bom exemplo dessa fraqueza.

A secretária de Educação do município do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, no seminário da Associação Comercial, disse uma frase terrível: “O desastre do ensino médio começa no segundo segmento do ensino fundamental. Isso pode ser comprovado pelo fato de 65% dos formandos do nono ano não terem a menor noção do que se entende por porcentagem”. Como essa gente vai se preparar para questões mais complexas, exigidas pela sociedade do conhecimento?

Chega-se sempre ao mesmo lugar-comum: se precisamos aperfeiçoar os mecanismos que nos levariam a melhorar a condição da educação no Brasil, o atual sistema, como disse o senador Cristovam Buarque, parece ultrapassado.

A formação dos professores, por exemplo, está totalmente invertida, pois os recursos humanos são colhidos nos estamentos mais baixos da sociedade.

Na Escandinávia, é o contrário. Os professores são escolhidos entre os melhores quadros, sendo a profissão altamente valorizada, inclusive financeiramente. Devemos atentar para isso.

https://www.revistadigital.com.br/2013/12/perdemos-feio-para-a-coreia/OPINIÃO em 5, DEZ. 2013/Autor: Arnaldo Niskier, 78, doutor em educação, é membro da Academia Brasileira de Letras, vice-presidente nacional do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e autor de “Educação Limpa”

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04/12/2013 14:41

É PRECISO TRAZER GRANDES ALUNOS PARA A DOCÊNCIA

 

O desafio do ensino brasileiro não é só lutar por mais recursos, mas definir prioridades de investimento. Essa é a avaliação do vice-diretor de educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Andreas Schleicher. Para ele, o País enfrenta um desafio em dobro: melhorar a qualidade e trazer mais alunos para as salas de aula.

O Brasil é uma economia emergente, mas vai mal nos rankings de educação. Como melhorar?

O caminho para uma boa educação é longo. A qualidade do ensino não será melhor do que a qualidade dos professores. É preciso trazer grandes alunos para a docência e garantir que os estudantes terão a melhor aprendizagem.

Como o senhor avalia o desenvolvimento do Brasil?

Nenhum país teve tanto sucesso nas notas dos estudantes quanto o Brasil nos últimos anos. Ao mesmo tempo, houve avanços ao trazer mais jovens para as salas de aula. É um desafio duplo, tanto de qualidade quanto de quantidade.

Que fatores explicam a má posição do País na lista global?

É necessário investir mais em professores, para atrair profissionais talentosos para a área. Não é só questão de gastar muito dinheiro, mas investir para ter melhores resultados. Recursos serão importantes, porém não suficientes.

O problema é geral na América Latina. Quais são as dificuldades comuns entre os países?

O Brasil e o México tiveram avanços consideráveis, mas a América Latina ainda aparece mal. A diferença entre as escolas mais ricas e as mais pobres ainda é muito grande. Não sou pessimista. Alguns desafios resolvidos pelo Brasil mostram que há soluções possíveis.

A que o senhor atribui a boa colocação da China no ranking?

A China é um bom exemplo de como a educação foi vista como prioridade. Os alunos estudam duro na escola e acreditam que podem fazer a diferença. No Brasil, por exemplo, muitos professores apenas jogam o problema para o colega. É preciso resolver o desafio e não transferi-lo.

Andreas Schleicher - por Bárbara Ferreira Santos e Guilherme Soares Dias - O Estado de São Paulo - 04/12/2013 - São Paulo, SP

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04/12/2013 11:22

8 DICAS PARA SABER SE A ESCOLA JÁ PODE USAR TABLETS

 

Segundo a Apple, as vendas de iPads para as escolas estão superando as vendas dos notebooks da marca por uma margem muito grande. Entretanto, como já está sendo discutido há um bom tempo, a tecnologia sozinha não é a resposta para um bom aprendizado. Esses dispositivos precisam estar integrados a um planejamento cuidadoso para a educação do século 21, que é aquela que agrupa as habilidades e competências necessárias em nossa sociedade e ajuda os alunos a desenvolvê-las.

Até no Brasil essa proposta também já é realidade. No mês de outubro, por exemplo, o próprio governo federal criou o Programa de Inclusão Digital, uma ação que vai conceder isenção de impostos a aparelhos que custam até R$ 1.500 desde que as empresas participantes incluam apps nacionais de educação em seus tablets.

E já que as notícias são boas e que não dá mais para fugir da tecnologia, confira algumas dicas de como se preparar para usar o tablet na sala de aula:

1– Saiba se você está pronto

Antes de comprar os dispositivos, é preciso responder algumas perguntas sobre a infraestrutura técnica para gerenciá-los e implantá-los de maneira adequada. Você tem uma internet banda larga boa o suficiente para conectar todos os dispositivos ao mesmo tempo? A sua rede sem fio é estável o suficiente para distribuir o sinal, sem perder a qualidade, para toda a escola?

Apesar de básicos, esses questionamentos precisam existir, caso contrário, o poder do tablet – que está diretamente relacionado à possibilidade de usar a internet como meio de aprendizado – será perdido.

2– Compreender e apresentar um bom motivo para adquirir os tablets

Este é um dos mais críticos problemas nas escolas: a discussão do uso dos dispositivos a partir de uma perspectiva educacional. É necessário, nesse momento, que toda a instituição esteja alinhada quanto ao uso de tablets para complementar sua missão educativa e que todos sejam informados sobre as decisões tomadas para o plano pedagógico, incluindo professores, pais, alunos e administradores.

3– Segmentar os objetivos para a aprendizagem do século 21

Usar o tablet para repetir os mesmos modelos de aula não funciona muito. Por isso, o jeito é sair da zona de conforto e aproveitar ao máximo o potencial educativo da tecnologia e projetá-lo para atender aos objetivos da aprendizagem do século 21. Isso significa desenvolver atividades que envolvam multimídia, comunicação, colaboração e aprendizagem baseada em projetos.

4– Entendendo que tablets não são laptops

A maioria dos laptops usam servidores de rede e senhas que podem definir permissões e proibições aos usuários. É importante lembrar que os tablets não são laptops. Não há um adminstrador e a capacidade de proteger e controlá-los é mínima. Procure maneiras de tirar proveito de sua mobilidade, câmera embutida, microfone, criação de vídeo e assim por diante. Se as atividades de monitoramento e controle são critérios importantes para a escola, pode ser aconselhável que fiquem com os laptops.

5– Superar a síndrome de que há um aplicativo para tudo

Sim, é verdade que existe um aplicativo para (quase) tudo, mas o benefício real para o aprendizado está em enxergar nos tablets ferramentas que podem ser usadas como parte do processo de aprendizagem e não algo que entrega diretamente o conteúdo curricular. Entre as maneiras de integrá-lo ao ensino está no incentivo para que os alunos a criem, por exemplo, entrevistas simuladas com figuras históricas famosas, expliquem fenômenos científicos usando uma animação em stop-motion ou criem programas de rádio para  praticar textos em língua estrangeira. Se essas oportunidades forem abertas, os alunos irão naturalmente gravitar em torno do uso criativo e inovador do tablet. Eles precisam ser incentivados a usá-lo como uma ferramenta de aprendizagem.

6– Formação contínua de professores

Antes de se chegar à mudança conquistada pelo bom uso dos tablets, a cultura escolar também precisa passar por alguns ajustes. Esses novos modelos só podem ser aplicados depois de um treinamento e apoio adequados aos professores. O ideal é que essa formação não dure só um dia, como aquelas oficinas dadas no meio do ano. É preciso ir além e reservar um tempo para diversas sessões ao longo do ano, reunindo grupos de educadores – inclusive de outras escolas – para trocar experiências e compartilhar seus sucessos e erros.

7- Permitir o imprevisível

Deixe os garotos um pouco livres. A tecnologia é mais eficaz quando é usada como uma ferramenta para capacitação desses alunos, portanto, não espere controlar todos os aspectos de suas aprendizagens. Os tablets permitem o uso de infinitos recursos, não adianta limitar seu uso em algumas poucas ferramentas do seu conhecimento. A criatividade, aqui, é um dos pontos mais importantes.

8– Pesquisar e documentar os planos de ação para algumas dessas perguntas:

– Que responsabilidades e processos estão em vigor para a compra e implantação de aplicativos?

– Quem será o responsável pela compra desses aplicativos?

– Quem vai gerenciar os perfis de usuário? Quais serão as restrições impostas?

– Você vai ter um perfil para cada estudante ou por classes e grupos?

– Onde os alunos vão armazenar e apresentar seus trabalhos? Você vai utilizar serviços em nuvem, como Evernote ou Dropbox?

https://www.ticeduca.com.br/index.php?ap=7&n=118#!/02/12/2013 17:19:46

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02/12/2013 14:56

EDUCAÇÃO MAIS CARA

 

Quem tem filho em escola particular já sabe que 2014 não será um ano muito fácil. A previsão é de que o reajuste alcance a salgada marca de 12%, ou seja, quase o dobro dos 6,5% de inflação acumulada no período de 12 meses, segundo o Banco Central.

O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) recomenda que os pais estejam atentos contra abusos. De acordo com a lei 9.870, que regulamenta a mensalidade escolar, cada instituição tem liberdade para realizar reajustes desde que faça isso em intervalos de no mínimo 12 meses e que justifique o motivo com planilhas apontando gastos, por exemplo.

As instituições de ensino têm a obrigação de afixar aviso sobre o aumento, com a justificativa, 45 dias antes da realização da matrícula.

Os pais que observarem as justificativas e não concordarem com o aumento têm dois caminhos a percorrer. Um é tentar negociar um desconto individual com a escola. Argumentos como o de que se tem mais de um filho na escola ou de que paga em dia a mensalidade podem ajudar.

Neste caminho ainda, é possível oferecer prestação de serviços à escola para reduzir as mensalidades. Um pai que é fotógrafo, por exemplo, pode fazer um acordo de registrar eventos da escola aos finais de semana, mediante um bom desconto na mensalidade.

O outro caminho é o de questionar no Juizado de Pequenas Causas, individualmente ou em grupo (com outros pais) o aumento realizado.

No livro `Como passar de devedor a investidor - Um Guia de Finanças Pessoais` (autores: Fabio Sousa e Samy Dana), as principais dicas para os pais sobre o assunto são procurar escolas boas (que não sejam necessariamente as mais caras), priorizar escolas mais próximas à residência para cortar gastos com transporte e analisar cuidadosamente cursos extras (idiomas, esportes) oferecidos na própria escola.

É importante ainda que os pais ponham na ponta do lápis o quanto gastarão com uniformes, material escolar e alimentação para ter uma noção exata se a mensalidade escolar cabe no bolso.

Samy Dana - Folha de São Paulo - 30/11/2013 - São Paulo, SP/Artigo em parceria com Adriana Matiuzo

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28/11/2013 17:49

O DESEMPENHO DAS ESCOLAS

 

Ao divulgar os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012, o governo destacou o desempenho das escolas públicas federais, cujos alunos obtiveram média de 584,23 pontos, enquanto os estudantes das escolas privadas obtiveram uma média inferior, com 577,39 pontos. As médias levam em conta as notas de redação e de cada uma das quatro competências do exame - linguagem e códigos, matemática, ciências humanas e ciências da natureza. Na prova de redação, os estudantes das escolas federais obtiveram média de 613,07 pontos, enquanto os alunos das escolas particulares registraram uma média de 533,48 pontos.

A forma como os resultados do Enem de 2012 foram divulgados pelo governo passou a ideia de que toda a rede pública de ensino médio teria superado a rede privada, em matéria de qualidade e desempenho escolar. Essa ideia, contudo, é enganosa. As escolas federais apresentaram um bom desempenho, é verdade. No entanto, elas atendem menos de 3% do total de 683 mil estudantes da amostra analisada pelas autoridades educacionais. E, mesmo assim, as escolas federais cujos alunos tiveram bom desempenho no Enem são ligadas a instituições militares e a universidades e unidades de ponta do ensino técnico mantidas pela União. Nos colégios militares, nas escolas de aplicação e no ensino técnico federal, o processo de ingresso de estudantes é tão disputado quanto o das melhores faculdades do País.

Além disso, o balanço do Enem de 2012 divulgado pelo Ministério da Educação foi elaborado com base numa amostra de aproximadamente 11,2 mil escolas públicas e privadas. O MEC deixou de fora do levantamento mais de 14 mil escolas de ensino médio que tiveram participação de menos de 50% de seus alunos.

As escolas federais não são, assim, representativas da situação em que se encontra o ensino médio. Nesse ciclo, 31,51% dos estudantes cursam a rede particular. E 65,5% são atendidos pela rede pública municipal e, principalmente, pela rede pública estadual. Como nos anos anteriores, segundo os números divulgados pelo MEC, as escolas de ensino médio sob responsabilidade dos Estados registraram em 2012 um desempenho bem inferior do que as escolas municipais, particulares e federais nas quatro áreas do conhecimento avaliadas. Em matemática, por exemplo, as escolas estaduais tiveram média de 491,18 pontos. Já as escolas particulares registraram uma média de 615,07. As escolas municipais atingiram 546,73 pontos. E as federais, 625,24 pontos.

Ao divulgar as estatísticas do Enem de 2012, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, também fez outros malabarismos numéricos, para tentar extrair conclusões positivas do levantamento. Segundo ele, a nota média dos 215.530 alunos da rede pública com melhor desempenho corresponde ao total de estudantes de escolas particulares que participaram do exame, na amostra analisada pelo MEC. Segundo Mercadante, isso mostraria que o topo da rede pública de ensino médio teve, no Enem de 2012, um desempenho equivalente ao conjunto de estudantes da rede particular. Pelo raciocínio do ministro, essa elite das escolas públicas é competitiva nos exames vestibulares das mais prestigiadas universidades do País. `Os melhores estudantes das escolas públicas competem com o setor privado`, afirmou.

O que o ministro deixa de lado, contudo, é que o nível médio dos alunos da rede pública - excluídos os matriculados em colégios militares, escolas de aplicação e algumas unidades do ensino técnico federal - continua muito baixo. Em matemática, por exemplo, a média dos alunos das escolas estaduais subiu de 490 para 491,18 pontos, entre 2011 e 2012 - um aumento inexpressivo de 1,18 ponto. Em ciências da natureza, a evolução foi de 443 para 457,94 pontos.

A pontuação baixa mostra que esses alunos somente conseguirão ingressar no ensino superior por meio das cotas reservadas a egressos da rede pública. E também revela que eles não têm a formação e o preparo necessários para acompanhar os cursos.

Editorial - O Estado de São Paulo - 28/11/2013 - São Paulo, SP

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28/11/2013 16:55

FILHOS

 

             Segundo o filósofo Hegel, não ter filhos sinaliza uma falta na natureza amorosa de um casal. São os filhos que concretizam a família, o que não significa que devem acumular o peso da subsistência do casamento dos pais. Os filhos geram também o sentimento de que há mais vida por vir depois da morte dos pais. Quando estes se vão, pelo menos é assim na maioria das vezes, os filhos permanecem, perpetuando a vida dos pais, tanto pelos genes quanto pela memória.

            O filho, ao vir ao mundo, torna-se a memória do pai e da mãe, o arquivo reunido daqueles que o criaram, seja com amor ou desamor. Sim, há pais que não amam seus filhos, por mais absurdo que pareça. Algo impensável, mas real. Apesar do viés filosófico de todos apontar para uma tentativa de compreensão do real, o que nos diferencia dos animais, parece que nem tudo é possível compreender racionalmente.  Porém, se não dá pra compreender, temos uma boa saída: viver o amor de mãe e pai. E tem muita mãe que faz o papel de pai e vice-versa.  Tem ainda os dindos(as) que são os pais que ficam no “banco de reservas”, mas que a todo momento podem e devem entrar em campo, fazendo o papel de pais.

            Por minha conta, digo que os filhos me deram a dimensão de um amor incomparável. Talvez seja o que mais se assemelha ao dito amor cristão (ágape), aquele que dá a vida por seu irmão. Junto deste amor, o apego parece inevitável. Apego que os estóicos e budistas não aconselham, já que o apego é sinônimo de sofrimento. Temos uma indagação: será possível amar sem se apegar? Apesar de significarem tudo (ou quase tudo) para nós pais, chega o tempo em que eles se desapegam, independentemente do nosso apego. Claro que há exceções e muitas vezes configuram patologias. Mesmo desapegados, os filhos continuarão assegurando nossa imortalidade parental e o amor que temos por eles ninguém tira mais. Eles só terão a verdadeira dimensão do que sentimos, quando se apegarem ao serem pais. Dá trabalho, traz preocupação, mas ter filhos é bom demais!

Autor: Marcos Kayser, voluntário da Agenda 2020 e filósofo/OPINIÃO em 28, NOV. 2013

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23/11/2013 08:20

MODERNIZAR A ESCOLA É DESAFIO PARA CATIVAR A JUVENTUDE

 

Boa parte dos jovens brasileiros deixa a escola simplesmente porque não tem mais interesse por ela. Dados que apontam para essa situação foram apresentados nesta quinta-feira (21) pelo ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri. Para o ministro, um dos grandes desafios hoje é criar condições para que a escola se modernize e volte a cativar os jovens. Ele apresentou um diagnóstico da situação do jovem brasileiro ao participar do seminário Circulação ou Evasão? Por um desenho mais adequado de ações públicas de juventude, promovido pela SAE nesta quinta-feira (21) no Auditório da Escola Nacional de Administração Pública (Enap).

A partir de pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o ministro da SAE analisou a inserção do jovem no mercado de trabalho e também abordou a relação desse grupo com a educação. De acordo com o levantamento feito pela SAE, 24% dos jovens brasileiros com idade de 25 a 29 anos não trabalham. Entre esse grupo, 88% das pessoas também não estudam. Ao analisar o levantamento entre a população ainda mais jovem, os dados mostraram que 16% dos brasileiros de 15 a 17 anos não estudam e, destes, 60% não trabalham.

“O Brasil tem apresentado muitos progressos ao longo dos anos, sobretudo na área social e no combate à desigualdade. Mas se olharmos as tendências da desigualdade e as tendências do fenômeno dos ‘nem nem’ (jovens que nem estudam e nem trabalham), percebemos inclinações bem diferenciadas. Nos últimos 10 anos, a desigualdade caiu bastante, enquanto a evolução dos ‘nem nem’ teve uma inclinação menor”, disse o ministro, ao traçar um comparativo entre a evolução social e a situação da juventude nos campos da educação e do trabalho.

Analisando a frequência escolar e a trajetória do jovem em relação aos anos de estudo, Marcelo Neri disse que o número de jovens de 15 a 17 anos que possuem o ensino fundamental incompleto caiu significativamente, porém a juventude apresenta uma maior estagnação ao chegar ao ensino médio. “Essa é uma boa notícia, pois os dados mostraram que o fluxo avançou, houve uma melhora nas fases anteriores e esse estudante chega ao ensino médio com menos atraso escolar. Mas, no ensino médio, a escola não está conseguindo cativar o jovem”, avaliou Marcelo Neri.

Assim, mostrou o ministro, 40% dos jovens não estão na escola simplesmente por falta de interesse. “Os dados mostraram que 27% dos jovens disseram que não estão na escola porque precisam trabalhar e ajudar os pais financeiramente, mas o principal motivo da ausência é porque eles não querem. Essa estagnação da frequência escolar traz um grande desafio, que é tornar o ensino médio mais atrativo para o jovem de 15 a 17 anos”, destacou o ministro.

O seminário sobre juventude também contou com a participação de renomados especialistas das áreas de neurologia, psicologia cognitiva e tecnologia da informação e inovação, que responderam aos questionamentos dos técnicos da SAE sobre temas como o uso da criatividade no processo de aprendizagem, experimentação e tomada de decisões.

A partir do entendimento da ciência, a ideia da SAE é encontrar respostas às questões que estão por trás da ampla circulação dos jovens em diversos aspectos da vida, para assim alcançar uma melhor compreensão sobre o engajamento desse grupo em atividades, além de possibilitar a adequação das políticas públicas de juventude.

Fonte: Secretaria de Assuntos Estratégicos/ Divulgação/Saulo Cruz/SAE/ por Portal Brasil — publicado22/11/2013

 

 

 

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