A INTERPRETAÇÃO DO ERRO

12/05/2013 21:04

ROMÉRIO GASPAR SCHRAMMEL*

Fiquei a pensar sobre o seguinte título “Erros de português serão punidos com maior rigor no Enem 2013”, da Agência Brasil. Para minha santa ignorância o título traz várias informações: os erros foram punidos em 2012, continuarão sendo punidos em 2013, punição não foi rigorosa em 2012, como não foi em 2011, mas em 2013 será mais rigorosa. Pergunto: punir o erro? Não deveriam ser punidos os seus autores? Não é possível punir o erro.

Veja então, caro leitor, neste país, pelo menos eu e outros amigos, temos a nítida impressão de que ninguém é punido – vou retificar - praticamente ninguém. E qual não é minha descoberta – não se puni culpados, punem-se erros. Isso tudo é uma questão de Português, de interpretação, para outros é uma questão ideológica.

O erro tem autores e responsáveis. Vivemos uma época nebulosa, tão nebulosa que já não conseguem identificar autores – mas um dia a farra acaba, pois a irresponsabilidade castiga e castiga quem finge não enxergar. A vivência nos ensina que temos a obrigação de cumprir nossos deveres, no nosso trabalho, no nosso lar, na democracia.

Pagamos altos impostos, taxas em todas as mercadorias para não recebermos o que nos é devido: saúde, educação e segurança. Há um clima antropofágico em que se faz qualquer loucura para ganhar dinheiro. É DETRAN, Meio Ambiente, Leite, Mensalão... e os autores, cheios de razão, desfilam nas telas da televisão “autorizando a infração”.

O custo da má educação, da incompetência e da corrupção angustia a sociedade de bem. Que país é este! Que cidadão é este que se beneficia às custas da ureia, do meio ambiente, da massa miojo, na mídia de interesses, da concordância verbal? Que justiça é esta? Se o índice de reprovação na OAB é altíssimo, pelo menos temos uma certeza, neste país encontram-se os melhores advogados do mundo, simplesmente libertam todos, inclusive os culpados.

Repórter questiona autoridades sobre a falta de fiscalização do leite pelas laticínios e este responde que não é esta a questão. A questão é que falta de leite no mercado. Repórter questiona secretário sobre a escolha do uso das tornozeleiras pelos presidiários em regime semiaberto e este responde que não querem usar, pois estão a serviço dos líderes da ala do presídio. O cidadão de bem está confuso. Não pode confiar nas autoridades, não pode confiar nos alimentos que compra. Não recebe saúde, não recebe educação, não tem segurança. O cidadão é refém da sua ignorância.

                                                            *Professor, diretor da Kann PE

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