A MÃE

11/05/2012 22:30

Tenho muito presente um belo hábito de meus pais: a hora do mate da manhã. Todos os dias meus pais tomavam mate pela manhã. A hora era cedo, pelas 5h, antes da ordenha. Era um momento impar. Neste momento meus pais conversavam, projetavam, planejavam... Ouvia, eles na cozinha e eu na cama, quentinha, quase cochichando, para não nos acordar. Nunca consegui entender como casais não se entendiam, nunca compreendi que mulheres não tinham os mesmos direitos. Na minha casa, a mãe sempre foi o cabeça, o pai, a força. Este exemplo foi-nos passado pelos pais. Eles se completavam. Foi na hora do mate que decidiram que os filhos precisavam estudar. Foi depois do mate que o pai me acompanhou à casa do vizinho para me levar para o internato. Os meus pais planejavam, eles conversavam. Minha mãe sempre teve a habilidade de consertar pelas palavras. Os filhos herdaram isso.

Outro dia li um artigo sobre a Lei de Pareto, também conhecida como o Princípio 80-20. Segundo este princípio 80% das consequências são resultados de 20% das causas. A Lei de Pareto diz-nos coisas elementares da rotina do dia a dia como: 80% das vezes você usa 20% de suas roupas; 80% da participação na aula é creditada a 20% dos alunos; 80% dos problemas são causados por 20% dos funcionários; 80% de todas as decisões podem ser tomadas com 20% da informação disponível... Significa também que 20% de minhas atividades eram dezesseis vezes mais produtivas do que os 80% restantes.  Se eu quisesse reduzir a complexidade de minha vida e aumentar a produtividade, então precisaria focar no melhor, que estava incluído nos 20%. Dei-me, portanto, conta de que fazia muita coisa sem necessidade e fazia muita coisa que não eram minha função.

Trabalhar na rotina. Todos os dias, todas as semanas e todos os meses as mesmas reuniões As reuniões com as mesmas rotinas. Todos concordando com uns e uns pregando para todos. A rotina torna os participantes cansados, já não ouvem, já não dizem. A reunião – reúne, mas não decide. 80% do tempo ocupado por reuniões cujas decisões poderiam ser resolvidas em 20% do tempo.

Sei que preciso priorizar. Por diversas vezes sugeri mudanças, mas ordenam-me entrar na fila. A fila inquieta, é rotina e rotina acomoda. É preciso espaço para descarregar ideias. Lembro-me das conversas de meus pais. Eles, sem ter frequentado universidades, nem terminado a escoa básica, conheciam os princípios de uma organização.

Quanto do seu dia é rotina? 20 ou 80%? Quanto do seu mês é rotina? É preciso avaliar como estamos investindo nosso tempo. Quando estamos no início da carreira, a pergunta mais fácil de responder é aquela que diz repeito às exigências. A maioria só começa a compreender de fato o que proporciona maior retorno ao esforço empreendido depois que chega na casa dos trinta  anos – às vezes mais tarde na vida.  Conforme continuo me desenvolvendo, descubro que o propósito de todo trabalho é gerar resultados. Se eu quero de fato cumprir meus objetivos e tornar-me uma pessoa produtiva, preciso trabalhar com previsões, estrutura, sistemas, planejamento, inteligência e um propósito sincero. Preciso também manter a simplicidade das coisas. Descubro então o quanto o papel desempenhado, pela minha MÃE, em nossa família é importante. Minha eterna mestra do saber ouvir, dialogar, aconselhar... sábia mãe.

                                                                                      Prof. Romério Gaspar Schrammel

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