O ERRO PELA PALAVRA

20/03/2013 08:49

Romério Gaspar Schrammel*

Talvez seja mais um nada especialista a emitir opinião sobre o mais grave erro – no Enem. Tanto se fala e escreve sobre e do Enem que parece ter sido parido pela pessoa errada. Sobre ele tantos especialistas, que não o são, emitem opiniões que até confunde os inteletuais das letras. É “rasoavel” que alguns já consigam “enchergar” ou consigam discernir o politicamente correto do gramaticalmente errado. Erros crassos encontramos, diariamente, em todos os meios de comunicação, bem como, em documentos de toda ordem. Tudo porque o erro é o normal. Então convém combinar que não precisamos crucificar pelo erro – nem antes do mensalão, nem depois. Porque, quando convém, temos, todos, desculpas e justificativas gramaticalmente corretas para não fazê-lo.

Estou treinando para ser especialista. Já devem ter percebido! Especialista é aquele sujeito que dorme em berço esplêndido, mas se permite opinar sobre tudo. Eu repito: tudo. Prioriza, no entanto, as questões da educação. Opina sobre atitudes disciplinares, correção de redações, participação dos pais na escola, valor das mensalidades, qualificação dos professores, avaliação, merenda escolar, gestão escolar, Enem... Como especialista, entendo de tudo. As críticas dos “especialistas” são tantas que as pessoas qualificadas já não se prontificam a assumir cargos. Então são assumidos por pessoas que pouco entendem do assunto e não “enchergam” o real.

O erro não pode ser sempre visto, de primeira, como um acidente, pois muitas vezes é uma oportunidade, para quem vê o erro, mas também para quem o comete. É oportunidade de chegar, ao mesmo tempo, à compreensão e à vontade que possibilitarão não errar mais. “Diante do erro, o professor, é o primeiro recurso. Sua presença e sua ação devem encorajar o aluno a lançar sobre seu erro um olhar crítico sem ser desesperado, positivo sem ser complacente” escreve Philippe Meirieu.

É cultural o nosso jeito de lidar com o erro. É praticamente sempre crucificando o autor – crucificação verbal. Não temos o hábito de elogiar o aluno em sala de aula. O elogio faz milagres. Elogio por um resultado, um trabalho bem feito. Fiz um aperfeiçoamento em língua alemã, na Alemanha. Lembro como os professores e as pessoas nos elogiavam por falarmos bem. Os professores, no Brasil, pareciam nunca estar satisfeitos com o que fazíamos. Eles sempre sabiam muito mais. Eles eram perfeitos. Cabe aqui uma palavra mágica: humildade. Humildade para ser aprendiz e ser generoso no ensinar. Ensinar é ajudar o próximo. Uma comunidade que se limita a penalizar o erro mostra que não tem nada a contribuir, por ser pobre em conteúdo. Pobre do ser para quem o erro é sempre um fracasso. Pobre da nação para a qual o erro é sempre gerador de exclusão. Nação que permitiu o êxito a quem não compreende. Os que criticam e não fazem não “enchergam” e não compreendem que o caos da educação tem consequências não tão “rasoaveis”.

                                                                                         *Professor

 

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