OLHAR PARA FRENTE

01/06/2013 16:55

Romério Gaspar Schrammel*

Embora o boato do Bolsa Família possa estar solucionado, a minha angústia continua. Vi gente demais diante das agências. De repente tive a impressão de que eu era o único que não estava recebendo. Eu aprendi, lição dos meus pais, que era preciso trabalhar para ganhar dinheiro. O número de pessoas que já não consegue emprego e outros muitos que não querem é tão grande que o governo precisa auxiliá-los para não criar um caos social. Se isso é ou não uma maquininha para fabricar votos já não vem ao caso. O que vem ao caso é projetar o final da fila.

Ninguém vai me convencer de que é assim que se tira as pessoas da miséria. Não há pior miséria do que não ter emprego, ou não ser empregável. Logo, elas continuam ali, na miséria. Por que não são obrigadas a se reciclarem profissionalmente? Estamos criando uma nova classe. Se já havia pessoas que pegavam indevidamente o que não lhes pertencia, agora surge uma classe que pega devidamente. Eu estou pensando seriamente – em muitas coisas!

Estou pensando sobre os inúmeros impostos que pago. Onde estão as autoridades responsáveis? Eu preciso de plano de saúde particular, escola particular, segurança particular, e para transitar pago pedágio. As autoridades responsáveis estão lá “exercendo as suas funções” – cobrando, controlando e recebendo, mas nada me oferecem.

O cidadão corre, corre muito e não pensa sobre a sua rotina, não pensa para que ou para quem trabalha. Ele é escravo do sistema. Comemos e trabalhamos muito, comemos e trabalhamos mal, porque estamos no esquema do sistema. Não posso acreditar que as pessoas estejam pensando que deva ser assim. O cidadão não tem espaço para a reflexão. A rotina do seu dia a dia é cuidadosamente ocupada com coisas, que na sua grande maioria, não faz a mínima diferença – porque é rotina, mas o mantém ocupado.

Outros ocupam esse tempo em benefício próprio. Estou convencido de que se as classes sociais com melhores condições financeiras e também com melhor instrução fizessem uso da educação pública, da saúde pública, da segurança pública, e se cobrássemos pelo que pagamos, esse país seria muito diferente. As classes com melhor poder aquisitivo estão dando um péssimo exemplo para a democracia. A incompetência das autoridades políticas e a falta de postura democrática de outros abriu espaço para um mercado paralelo caríssimo e as autoridades fingem não ver, pois são duplamente beneficiadas. A ignorância das pessoas custa muito caro aos cidadãos trabalhadores. “O governo precisa ser menos burocrata e mais eficiente porque, se não for assim, as empresas não vão aguentar esta carga de impostos e a burocracia”, disse Raul Randon quando recebeu a Ordem Mérito Industrial. A realidade dos cidadãos não é nada diferente. A finalidade da boa EDUCAÇÃO está perdendo espaço.

*Professor e diretor da Kann PE

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